O
velho da tarrafa
Uma
fiada de corda entre os dedos;
Uma
agulha de madeira e uma bitola,
Dando
voltas, traça-se uma malha e outra e mais, mais, mais...
Gastou-se
tempo em um ofício, mas não foi reconhecido pelos homens.
Só Deus
reconheceu o tempo que levou cada rede,
Dos
peixes que alimentaram muitos,
Dos
camarões que saciaram a fome do pobre,
O mundo
está repleto de pessoas como o velho da tarrafa,
Que
tecem a sua sobrevivência,
Nas
pequenas coisas que desaparecem no tempo,
Sem
ficarem na história,
Como
grandes contribuintes a nação,
Mas as
teias de fios que fez, levou tempo,
Envelheceram sua pele, enrugando o seu rosto.
A teia
da vida, não se importou em levar seu tempo e romper em canseiras seu corpo,
A cada
malha tecida, cada célula se dividia e se multiplicava e o seu corpo envelhecia.
Até que
a visão se foi, mesmo assim o velho continuou seu ofício, mecanicamente.
Um dia,
como acontece com todos. A luz se apagou e sua obra cessou.
R.S.Amorim.
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